Apesar do acrônimo “ESG” estar presente no mercado desde 2004, ele se tornou um grande destaque nos últimos anos, principalmente após as declarações de Larry Fink, CEO da gestora de investimentos BlackRock, sobre o foco que a empresa daria para empreendimentos que tivessem metas sérias relacionadas a ESG. Desde então, dezenas de empresas voltaram sua atenção ao tema, gerando diversas consequências positivas e, infelizmente, negativas.
Um dos pilares do ESG é o pilar “Environment”, tratando de questões relacionadas à sustentabilidade da empresa e o impacto ambiental que ela causa direta ou indiretamente. Mas o que isso significa na prática?
Até onde vai a sustentabilidade no ESG?
O tema sustentabilidade não é algo novo. Na verdade, fala-se sobre os impactos que o desenvolvimento da humanidade traz para o planeta há décadas, com diversos marcos históricos, como o Grande Nevoeiro de 1952, a presença de materiais como A Primavera Silenciosa de Rachel Carson, a UNCHE em 1972 e vários outros.
Definições
Essencialmente, sustentabilidade — ou desenvolvimento sustentável — significa, segundo Gro H. Brundtland, “suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”. Com isso, é seguro dizer que a infinidade de empresas e instituições governamentais e não governamentais ao redor do mundo possuem influência direta na capacidade que o planeta possui de suportar tais avanços. Além disso, o consumidor também possui alta responsabilidade, dado que a forma como compra e descarta produtos pode determinar como eles são produzidos e ofertados para o mercado.
Dentro de casa
O impacto ambiental de uma empresa pode ser observado sob diversos prismas. Primeiro, olhamos para dentro da empresa e como gerencia resíduos nas áreas comuns e escritórios. Fatores como consumo de papel, energia elétrica, a presença de plástico de uso único, tipos de móveis e equipamentos são ofensores mais buscados.
Em seguida, se observa a cadeia de produção e segmento da organização, compreendendo todas as etapas de ideação, construção e manutenção do veículo dentro do espaço físico da empresa. Se tratando de um produto físico, por exemplo, um carro, a empresa precisa conhecer como cada etapa do processo pode impactar o meio ambiente, desde a entrada e qualidade da matéria prima, sobras e estoque, resíduos da produção, desperdícios e diversos elementos. Cada aspecto da produção e entrega do produto precisa ser acompanhado medido e compreendido para reconhecer e trabalhar seu impacto.
Clientes e produtos
Outro ponto importante é a estrutura do seu produto. O seu gera lixo ou resíduos? Os produtos industrializados, com embalagens feitas de plástico, alumínio ou papelão podem ser exemplos de produtos que geram resíduos. Quais têm sido seus planos para diminuir esses resíduos? Leis e projetos de lei como a Lei 12305 2010 e o PL 270/22 são formas usadas atualmente para fazer com que as empresas tomem ações rigorosas sobre o tema.
Ainda sobre seu produto, é crítico pensar na qualidade e tempo de vida do seu produto. Qual é a sua durabilidade? Existe algum risco de obsolescência antecipada? A manutenção possui maiores impactos? Como o seu cliente é impactado pelas decisões tomadas no ciclo produtivo e quais as ações para minimizar potenciais riscos? É importante carregar esse “respeito” pelo cliente.
Fornecedores
Por fim, um elemento importante para a sustentabilidade é olhar a cadeia de suprimentos também sob o olhar do fornecedor, considerando também seu impacto no processo e o seu momento atual sobre políticas sustentáveis, questionando o uso de poluentes, emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), consumo e tratamento de água e outros potenciais ofensores. Obviamente, pode ser um grande desafio controlar essas informações sobre um ambiente que está fora do controle da sua empresa, mas é uma abordagem relevante, principalmente se forem usadas cláusulas contratuais para o fornecimento e manutenção desses dados.
E se a empresa for digital?
Em algumas discussões, é fácil cair na percepção de que empresas digitais ou de tecnologia podem não ter um efeito grandes na agenda ESG. No entanto, este pensamento não poderia estar mais distante da verdade. Empresas digitais possuem grande influência no desenvolvimento sustentável, seja impactando o meio ambiente ou criando soluções que ajudem a melhorá-lo.
Empresas digitais, em muitos casos, são empresas que nasceram com produtos e / ou serviços de natureza intangível, muitas vezes intermediando o acesso de clientes a outros produtos e serviços. Empresas como iFood, Amazon, Uber, GetNinjas e centenas de outras foram construídas como plataformas de “meio”, ou seja, mecanismos que intermediam o acesso das pessoas às atividades necessárias.
Analisando apenas o software ou aplicativo desenvolvido, a sua empresa pode impactar o meio ambiente com:
Consumo de materiais no escritório (plástico, papel, etc);
Emissão de GEE do escritório, falando sobre profissionais, computadores, energia e água;
Políticas com fornecedores de Cloud e outros itens sobre sua compensação de carbono;
Decisões de investimento da empresa, se há alguma política para investir em títulos tradicionais ou verdes;
Tratando-se do impacto indireto que seu produto traz, é possível trabalhar um quadro maior de possibilidades, já que aquilo que seus clientes e parceiros oferecem vai além do seu sistema. Vamos pegar a Uber como exemplo: ao ir além do funcionamento operacional da empresa e considerando apenas o impacto ambiental:
A empresa cria acesso para todos os locais possíveis?
Fornece algum benefício para locadoras ou motoristas no uso de carros elétricos ou com baixo teor de poluição?
Há políticas que promovem o uso de rotas mais eficientes, garantindo menor consumo de combustível?
Se fosse uma empresa que intermedia comida, como o iFood:
Há benefícios ou ofertas específicas para parceiros que usam material reciclável ou biodegradáveis?
Há um espaço exclusivo para clientes que buscam produtos mais sustentáveis?
A empresa apoia entregadores que usam motos ou carros elétricos? Beneficia quem usa outras opções, como bicicletas?
Veja que, mesmo se sua empresa for digital, ela pode ter um mapeamento do seu impacto no meio ambiente e tomar as melhores decisões para mudar esse cenário. Se sua empresa cria soluções que fomentam esse comportamento, é melhor ainda!
Por onde começar?
Para entender como o você pode tornar sua empresa, seus produtos e serviços mais sustentáveis e alinhados com as necessidades do nosso planeta, sem perder valor com isso, é preciso, primeiramente, ter uma visão clara sobre o seu negócio:
Qual o seu segmento de atuação?
Seus produtos são físicos ou lógicos (digitais)?
Sua empresa possui escritório físico?
Como você controla os indicadores da sua organização?
Como garante o acesso adequado às informações?
A partir desses pequenos controles, você começará a entender qual o ciclo de vida do seu produto, desde a concepção até sua entrega, e o impacto ambiental em cada etapa. Obtendo os indicadores necessários, você saberá o estado atual da sua empresa e poderá, então, iniciar sua jornada rumo à agenda ESG.
O compromisso da organização com relação ao ESG precisa ser trabalhado constantemente na sua cultura, construindo uma mentalidade de inovação responsável, governança enxuta e um viés orientado à humanidade. Falar de ESG pode não ser uma tarefa fácil, mas, a cada passo dado, as pessoas perceberão o impacto desse propósito.
A Mindset Ágil é uma empresa engajada com a temática ESG, ajudando empresas a aumentarem sua governança e controle através de práticas e ferramentas enxutas e amigáveis, enquanto as ajuda a se tornarem mais sustentáveis e conscientes socialmente.
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